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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Em Alagoas, população que sofre com a seca espera Canal do Sertão há 20 anos.

Uma das causas da miséria que ainda assola esse país é o atraso nas obras públicas. Elas começam e passam dezenas de anos e muitas vezes nem são concluídas. A população paga, e paga caro pela irresponsabilidade de gestores públicos.   


Em 1992, o governo de Alagoas anunciou aos sertanejos que o sofrimento com as constantes estiagens seria amenizada com uma obra “revolucionária”. O chamado Canal do Sertão --uma pequena transposição do rio São Francisco-- pretendia levar água a 42 municípios, e assim “promover o desenvolvimento socioeconômico do sertão e agreste do Estado”, conforme consta em seu projeto inicial.

Vinte anos após o anúncio da obra, a água ainda não chegou aos sertanejos, e os moradores sofrem com a pior seca das últimas décadas às margens do canal, que já tem parte construída, mas está completamente seco.

Segundo o site do Ministério da Integração Nacional, a obra teve início em 2002. Nesse período, a obra pouco avançou e sofreu com paralisações e denúncias de irregularidades. Com a demora, a obra foi inclusa no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, que prevê investimentos de R$ 591 milhões até 2014.


Segundo dados do governo do Estado, dos 250 km previstos inicialmente, 60 km estão construídos. Em nota, o governo afirma que a obra está “a todo vapor”, com 1.700 funcionários trabalhando. As obras estão no terceiro trecho, entre os kms 64,7 e 77,8. Os demais trechos, até o km 150, já estão licitados e serão construídos nos próximos anos, conforme o governo estadual.

À espera pela água do rio são Francisco, os moradores de comunidades próximas ao canal revelam o misto de esperança e desilusão com a possibilidade de receber a tão esperada água para abastecimento humano e animal, além de irrigação.

Em Pariconha, última cidade a oeste de Alagoas, o canal está pronto, à espera da água, que nunca passou pela valeta. O UOL esteve no trecho próximo à BR-316, que liga o município a Delmiro Gouveia. No local, em vez de água, há duas placas indicando que há “risco de afogamento” e que a “profundidade” do canal é de 3,5 metros.

Sem água, resta continuar a vida em meio à seca. Na fazenda Mosquita, que fica a cerca de 1 km do canal já construído, os moradores confirmam que a obra já serviu de argumento para políticos da região –seja com promessas ou com críticas por sua demora.

“Desde que eu me entendo por gente que ouço falar nesse canal. Pelo que dizem, seria inaugurado agora em junho, mas soube que não deu tempo. Agora dizem que será inaugurado no fim de ano. Mas todo fim de ano eles 'inauguram', mas a ‘inauguração’ nunca acontece. Mas acredito, sim, que as obras estão andando e um dia vai sair”, diz Márcia Machado, 42.

Segundo a moradora, a falta de água causada pela seca desse ano impediu que as tradicionais plantações de milho e feijão fossem realizadas este ano. “Plantar o quê, se não tem água? Esse ano passou, não teremos nada. Torcer para que, no próximo ano, chova ou venha a água do canal para nos ajudar.”

O morador Manuel Tiburtino, 27, mostra mais confiança e acredita que as obras serão finalizadas em breve. “Eu tenho parentes que trabalham na obra, e sei que ela agora está andando. Seria maravilhoso se tivéssemos ele pronto já, como tantos prometeram, pois estamos nessa seca. Não chove e não tivemos como plantar nada. Até os pés de fruta, que sempre viveram aqui, estão morrendo pela falta de chuva”, finaliza.

Fonte: UOL

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