A violência sexual em crianças de 0 a 9 anos é o segundo maior tipo
de violência mais característico nessa faixa etária, ficando pouco atrás
apenas para as notificações de negligência e abandono. A conclusão é de
um levantamento inédito do Ministério da Saúde,
que, em 2011, registrou 14.625 notificações de violência doméstica,
sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos. A
violência sexual contra crianças até os 9 anos representa 35% das
notificações. Já a negligência e o abandono tem 36% dos registros. Os
números são do sistema
do Ministério da Saúde. O VIVA possibilita conhecer a frequência e a
gravidade das agressões e identificar a violência doméstica, sexual e
outras formas (física, sexual, psicológica e negligência/abandono). Esse
tipo de notificação se tornou obrigatório a todos os estabelecimentos
de saúde do Brasil, no ano passado.
Os dados preliminares mostram que a violência sexual também ocupa o
segundo lugar na faixa etária de 10 a 14 anos, com 10,5% das
notificações, ficando atrás apenas da violência física (13,3%). Na faixa
de 15 a 19 anos, esse tipo de agressão ocupa o terceiro lugar, com
5,2%, atrás da violência física (28,3%) e da psicológica (7,6%). Os
dados apontam também que 22% do total de registros (3.253) envolveram
menores de 1 ano e 77% foram na faixa etária de 1 a 9 anos. O percentual
é maior em crianças do sexo masculino (17%) do que no sexo feminino
(11%).
A maior parte das agressões ocorreram na residência da criança
(64,5%). Em relação ao meio utilizado para agressão, a força
corporal/espancamento foi o meio mais apontado (22,2%), atingindo mais
meninos (23%) do que meninas (21,6%). Em 45,6% dos casos o provável
autor da violência era do sexo masculino. Grande parte dos agressores
são pais e outros familiares, ou alguém do convívio muito próximo da
criança e do adolescente, como amigos e vizinhos.
“Todos os dias milhares de crianças e adolescentes sofrem algum tipo
de abuso. A denúncia é um importante meio de dar visibilidade e, ao
mesmo tempo, oportunizar a criação de mecanismos de prevenção e
proteção. Além disso, os serviços de escuta, como o disque-denúncia,
delegacias, serviços de saúde e de assistência social, escolas,
conselhos tutelares e a própria comunidade, devem estar preparados para
acolher e atender a criança e o adolescente”, afirma a diretora de
análise de situação em saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta.
“Este assunto deve ser debatido incansavelmente nas escolas,
comunidades, família, serviços de saúde, entre outros setores da
sociedade”, ressalta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário