Promotores que deram início na operação.
A prefeita eleita de Trairi, município distante 125 km de Fortaleza
(Norte do Estado), Regina Nara Batista Porto (PSDB), e o vice-prefeito
eleito José Ademar Barroso (PSL) correm o risco de não assumir o mandato
em 2013. A dupla e mais dez pessoas foram presas, temporariamente, na
manhã de ontem, acusados de formação de quadrilha, corrupção eleitoral e
transporte irregular de eleitores. Foram levados para o presídio local.
Se
comprovados os crimes, será aberta uma ação de impugnação de mandato
para que prefeita e vice sejam impedidos de assumir a gestão. Caso seja
confirmada a hipótese, assumirá a administração de Trairi no dia 1° de
janeiro o segundo colocado na disputa pela Prefeitura, Francisco José
Ferreira Noronha (PMDB).
Como vice, Manoel Oliveira Filho
(PV) ocuparia o posto. O procurador eleitoral Márcio Torres pondera,
entretanto, que se até a diplomação não houver ação contra prefeita e
vice eleitos, não haverá impedimento para que ambos assumam os mandatos.
As
prisões realizadas ontem, resultado da Operação Trairi Limpo III,
representam o segundo escândalo político envolvendo o município do
Litoral Oeste do Ceará em menos de três meses. Em setembro último, o
prefeito da cidade, Josimar Moura Aguiar (PRB), foi afastado do cargo
suspeito de ter desviado R$ 19,6 milhões dos cofres do Município. À
época, Trairi passou pelo menos quatro dias sem gestor público.
A
operação desencadeada ontem, porém, não tem qualquer relação com o caso
registrado em setembro. A prefeita recém-eleita, presa nesta
terça-feira, pertence ao grupo político que fazia oposição ao prefeito
afastado há dois meses. Alguns dos crimes praticados pelos dois,
entretanto, são semelhantes.
Segundo o promotor de Justiça da
comarca do Município, Igor Pinheiro, a investigação foi iniciada pelo
Ministério Público Estadual, Polícia Federal e Procuradoria Regional
Eleitoral após verificadas ligações telefônicas que apontavam indícios
de irregularidades na campanha eleitoral da coligação encabeçada por
PSDB e PSL.
Os áudios captados pela Polícia Federal revelaram
que pessoas ligadas à prefeita eleita compravam votos de trairienses
oferecendo material de construção, vale-combustível, aquisição de
remédios, empregos na futura gestão municipal, a construção de poços
profundos, e até certidão de nascimento.
Também foram
apontados indícios de venda de votos para a eleição da mesa diretora da
Câmara Municipal em 2013, com referência sobre a setorização das áreas
que alguns membros possuiriam na futura gestão municipal.
Ainda ontem à tarde foram realizadas oitivas com eleitores que teriam
sido corrompidos pela quadrilha. Segundo o Ministério Público, três
eleitores confirmaram ter recebido de Regina Nara e José Ademar a
promessa de benefícios em troca de votos.
Os presos
Regina Nara Batista Porto - prefeita eleita
José Ademar Barroso - vice-prefeito eleito
Henrique Mauro de Azevedo Porto - pai da prefeita eleita
Henrique Mauro de Azevedo Porto Filho - vereador de Trairi e
candidato eleito para o mesmo cargo
Carlos Gustavo Monteiro Moreira - vereador eleito
José Soares de Sousa - candidato a vereador
Adaílton do Canaã - motorista do grupo
Regina Alves de Castro
Pedro Moreira Neto
Erasmo Izaías da Costa
“Toinha”
“Nazareno”
Saiba mais
Os
12 envolvidos no caso permanecerão presos por cinco dias. A prisão
temporária poderá ser prorrogada por mais cinco dias. Neste intervalo,
todos os presos serão interrogados e novos envolvidos poderão ser
detidos.
Entre os presos, além da prefeita eleita e seu
vice, há também vereadores eleitos, familiares e funcionários do grupo.
Também foram apreendidos ontem cheques, agendas e recibos dos
acusados.
Também está em andamento uma investigação de
furto, na sede da delegacia local, de provas materiais (dinheiro
enrolado em ligas) referentes à prática de corrupção eleitoral.
O dinheiro havia sido apreendido com José Ademar Barroso na véspera da eleição.
Além
dos crimes eleitorais envolvendo a prefeita eleita, a investigação
apontou ainda indícios de favorecimento ao vereador eleito Gustavo
Monteiro Moreira para ocupar a presidência da Câmara Municipal de Trairi
na próxima legislatura.
De acordo com o Ministério
Público, o tio do vereador, identificado como Pedro Neto, foi apontado
pelo chefe da quadrilha (Henrique Mauro de Azevedo Porto) como o
“mestre” que “ajudou” os demais integrantes do grupo a se beneficiarem
no esquema.
Fonte: O POVO
Fonte: O POVO
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