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sábado, 22 de outubro de 2011

Cearense deixa sertão para subir ponto mais alto de cada continente.

Rosier Alexandre nasceu em uma casa quente de taipa no interior do Ceará. Hoje, chegou a 4 dos 7 cumes gelados que quer alcançar



Foto: Arquivo pessoal
Um cearense internacional: Rosier Alexandre, de 42 anos, leva a bandeira do Estado ao ponto mais alto da Europa
A Serra das Matas, no município de Monsenhor Tabosa, a 241 quilômetros de Fortaleza, abriga um complexo de montanhas com altitude de cerca de mil metros. Lá fica o Pico da Serra do Olho D'água, com 1.129 metros de altura, o segundo ponto mais do Ceará. Essa é a paisagem do Sertão Central cearense que povoou a infância e a adolescência de Rosier Alexandre, de 42 anos. Quando ainda pequeno, arregimentava amigos para enfrentar trilhas rumo ao topo dessas montanhas. Naquelas aventuras improvisadas, começou a praticar o esporte que mudaria sua vida e o tornaria um cearense internacional.


A primeira vez que Rosier ouviu falar em montanhismo foi em 1985, já em Fortaleza, em uma livraria, lendo publicações que, na época, não tinha dinheiro para comprar. “Eu passei a sonhar em conhecer pessoalmente um desses guerreiros que eu tanto admirava e anos depois comecei a considerar a possibilidade de eu mesmo fazer as minhas expedições, vivenciar grandes experiências”, relembra. Somente em 2004, na Argentina, no Monte Cerro Vallecitos (5.500m), ele levou a cabo o que se tornou uma paixão: escalar montanhas geladas.
Peguei nevascas e tempestades. Mas o pior foi que meu guia russo abandonou o grupo. Para completar, eu havia contratado o serviço de telefonia por satélite e a empresa russa não cumpriu o contrato e fiquei dez dias sem ter notícias ou dar notícias para a minha família”
A partir daí, o cearense não parou mais. Veio Aconcágua (6.962m) também na Argentina, Huayna Potosi (6.088m) na Bolívia e Ojos del Salado (6.893m), no Chile. Em 2010, Rosier deu início a um projeto audacioso executado por apenas 200 pessoas em todo mundo: escalar a montanha mais alta de cada continente do planeta Com o cume do Aconcágua ganho, ele partiu para o McKinley (6.194m) no Alasca, Kilimanjaro (5.895m), na Tanzânia, e em agosto deste ano chegou ao topo do Monte Elbrus (5.642m), na Rússia.
A trajetória

Rosier conta com patrocínios para realizar suas expedições, mas ainda hoje precisa bancar parte dos custos. O montanhismo é uma paixão que, se não rende dinheiro em si, ajudou ele a se tornar melhor na atividade que pagas as contas. Rosier tem uma agência de turismo, uma empresa de consultoria empresarial e também dá palestras motivacionais por todo o País. “Uma das coisas que gosto muito é do planejamento para a expedição, a fase estratégica, a análise de alternativas, as soluções que encontro para cada desafio, isso me ensina muito”.
“Apesar de ter nascido numa casinha de taipa na zona rural, em plena caatinga sertaneja, na pobreza extrema, consegui conquistar uma vida digna e mostrar a importância do planejamento na vida de uma pessoa. Não podemos escolher onde nascer, mas podemos escolher onde e como viver”, prega ele.
Próximo desafio


Rosier já iniciou a preparação para o próximo desafio. Em janeiro ele vai encarar Vinson (4.897m), o maior ponto da Antártida. “Lá não tem nenhuma estrutura de apoio. A expedição tem que ter plena autonomia, o que exige um planejamento infinitamente mais complexo que todas as expedições anteriores que já fiz”, explica.
O montanhista cearense vai enfrentar a nova empreitada, que deve durar entre 12 e 16 dias, na companhia de um grupo americano e de uma carga 60 quilos, com equipamentos e suprimentos. Em uma expedição como essa, ele chega a perder oito quilos. “Estou intensificando os treinamentos físicos. Sou acompanhado por um médico e dois educadores físicos. Paralelo a estes treinamentos, planejo todos os detalhes de equipamentos e alimentação e ainda cuido da parte burocrática, o que toma muito tempo”.
Maiores apuros

Foto: Arquivo pessoal
Rosier durante a subida do Monte Elbrus (5.642m): "Apesar de ter nascido numa casinha de taipa na zona rural, em plena caatinga sertaneja, consegui uma vida digna"
“O maior desafio é o que está por vir”, filosofa Rosier quando questionado qual foi o maior sufoco que já passou praticando montanhismo. Entretanto, ele tem uma longa lista de situaçõesde perigo. “Em McKinley, no Alasca, fiquei dez dias preso em um acampamento em meio a fortes nevascas sem conseguir ir para o acampamento seguinte, isso foi muito duro”.
Na expedição mais recente, em agosto deste ano, passou por outro apuro, dessa vez na Rússia, ao escalar o Monte Elbrus, a maior montanha da Europa. A face sul da montanha estava fechada pelo governo russo porque havia sequestradores atacando os montanhistas. “Lá também peguei nevascas e tempestades. Mas o pior foi que meu guia russo abandonou o grupo. Para completar, eu havia contratado o serviço de telefonia por satélite e a empresa russa não cumpriu o contrato e fiquei dez dias sem ter notícias ou dar notícias para a minha família. Foi o cume mais suado”.
Em janeiro de 2005, quando Rosier realizou a primeira expedição para o Aconcágua, ele presenciou uma tragédia. “Vi quatro mortes e um dos mortos era um brasileiro que eu havia conhecido dias antes e feito uma boa amizade. Ainda fiquei dois dias cuidando de sua esposa que, apesar das fortes queimaduras do gelo, sobreviveu”.
Fonte: IG.

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