Principal responsável pela reviravolta das investigações da morte do
empresário Paulo César Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, em junho
de 1996, o médico-legista George Sanguinetti diz que até agora foi o
único condenado. Em 2000, ele foi sentenciado a dois anos de prisão por
ter alegado que o laudo inicial para a causa das mortes teria sido
comprado por R$ 400 mil.
"Entre todas as condecorações, essa [condenação] é a que mais dou
valor. Dezessete anos após o crime, fui o único condenado, e os acusados
estão livres", afirmou Sanguinetti aa reportagem, sem
esconder a frustração por ter ficado de fora do julgamento dos quatro
acusados pelas mortes, que começa nessa segunda-feira (6), em Maceió.
O coronel e professor de medicina legal aposentado também insinua que
sua exclusão apontaria para uma falta de interesse em condenar os
"verdadeiros culpados" pelo crime, que não estariam sequer apontados na
denúncia. Como não foi perito oficial, ele teria de ser convocado como
testemunha --o que poderia ser feita pelo MPE (Ministério Público
Estadual) ou pela defesa, o que não ocorreu.
Serão julgados os policiais militares Adeildo Costa dos Santos,
Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José
Geraldo da Silva. O júri popular será comandado pelo juiz Maurício
Breda, da 8ª Vara Criminal da Capital. A acusação, porém, não traz nomes
de autores material e intelectual e acusa os seguranças por "omissão
dolosa."
Questionado o que teria levado a sua "exclusão" do caso, Sanguinetti
tem uma resposta simples: "Isso é Alagoas. Sem dúvida eu poderia
contribuir muito com o caso, dando toda essa explicação que fiz, mas
infelizmente não me chamaram. Não há interesse em aprofundar a discussão
e condenar os réus", disse o legista, que mora em Maceió, mas vive
cercado de seguranças.
O legista foi considerado peça-chave nos questionamentos à perícia
oficial do caso PC Farias e conviveu anos com as ameaças de morte. Em
1998, ele ganhou o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, pela
obra "A Morte de PC Farias: O Dossiê de Sanguinetti".
Depois da fama nacional, foi chamado para atuar em casos policiais
relevantes, como o da menina Isabella e do goleiro Bruno. Até hoje diz
que se sente um "arquivo vivo" e trabalha com consultorias. "Se estou vivo ainda, devo à imprensa", alegou.
Insistência na fraude
Coronel da PM de Alagoas em 1996, Sanguinetti passou a ser o ponto de
discordância da investigação policial, que apontava para crime passional
seguido de suicídio. Polêmico, o legista deu várias entrevistas
questionando a tese oficial, com base nas imagens feitas da cena do
crime.
De tanto insistir, acabou autorizado pelo juiz Alberto Jorge Correia a
produzir um laudo, em 1997, a pedido do MPE, no qual apontou várias
contradições --o que resultou num pedido oficial de nova perícia, que
mudou a versão para duplo assassinato.
"Há vários pontos claros na investigação. Suzana tinha marcas no pescoço. Alguém a segurou e a executou quando ela estava em pé. E Paulo César também não foi morto naquele local. Ele foi colocado ali forjadamente e ainda teve o corpo lavado, para tirar o sangue", defendeu o legista.
Outro ponto questionado por Sanguinetti é que, segundo os laudos, Paulo César Farias ainda estava com comida não digerida no estômago, enquanto Suzana apresentava o estômago completamente vazio. Portanto, os dois não estariam juntos momentos antes do crime.
"Há vários pontos claros na investigação. Suzana tinha marcas no pescoço. Alguém a segurou e a executou quando ela estava em pé. E Paulo César também não foi morto naquele local. Ele foi colocado ali forjadamente e ainda teve o corpo lavado, para tirar o sangue", defendeu o legista.
Outro ponto questionado por Sanguinetti é que, segundo os laudos, Paulo César Farias ainda estava com comida não digerida no estômago, enquanto Suzana apresentava o estômago completamente vazio. Portanto, os dois não estariam juntos momentos antes do crime.
Fonte: UOL
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