O deficiente visual Augusto José Paes da Silva, de 56 anos, foi preso
nesta terça-feira (21) em Manaus suspeito do crime de estelionato. De
acordo com a polícia, o aposentado telefonava para vítimas se passando
por autoridades locais. Ele é natural do Amazonas,
e já foi preso em outros nove estados pelo mesmo motivo. Uma das
tentativas de extorsão foi contra o superintendente da Superintendência
da Zona Franca de Manaus(Suframa), Thomaz Nogueira, que desconfiou e acionou a Secretaria de Inteligência.
De acordo com o delegado da Secretaria Executiva de Inteligência (Seai),
Mário Paulo, o suspeito tentou extorquir cerca de R$ 1000 do superintendente. "Fomos informados de que ele teria feito uma ligação
para o superintendente da Suframa, doutor Thomaz Nogueira, de alguém se
passando pelo presidente do Tribunal de Justiça exigindo uma quantia em
dinheiro para ajudar uma pessoa deficiente a fazer um transplante de
córnea", explicou.
Em depoimento, o suspeito narrou ainda outros golpes que teria aplicado
em diferentes estados do país. Segundo ele, uma das vítimas teria sido o
ex-governador do Ceará Luiz de Gonzaga Mota.
"Minha fonte de renda são essas 'presepadas' que eu apronto. Eu já
liguei para o governador do Ceará e disse que era o Roberto Marinho. Na
época, eu saí até na revista Veja. Meu pecado só é esse. Cheguei em
Fortaleza, levantei o telefone do Palácio do Governo, liguei dizendo que
era o jornalista Roberto Marinho e pedi para falar com o governador
Luiz Gonzaga Mota, e ele imediatamente atendeu. Disse que estava com um
'ceguinho' que foi participar de um concurso em Fortaleza, que foi
assaltado, e que precisava de um auxílio. Disse 'ele vai te procurar
aí', e quando cheguei ele me deu R$ 3 mil e me mandou para um hotel
cinco estrelas, onde fiquei três dias. No quarto dia, a bola 'espocou' e
fui preso", contou.
Augusto José declarou em depoimento que a justiça sempre o contou.
Augusto José declarou em depoimento que a justiça sempre o concede
direito de responder em liberdade "por ser sincero". "Toda vez que eu
chego na frente do juiz, não minto pra ele. Quando ele me pergunta se eu
vou parar com isso, digo 'não vou parar não, senhor, porque cadeia não
regenera ninguém'. Eu vivo disso e vou continuar fazendo isso. O juiz me
dá liberdade e eu viajo para outro estado. Eu tenho passe livre e não
pago passagem nem de ônibus e nem de barco, viajo de graça. Se eu for
solto, vou fazer de novo", destacou.
O suspeito disse ainda, em depoimento, que a atividade é algo que vem
"do cérebro". "Doutor, quero que você destaque isso: eu não uso caneta.
Não falsifico assinaturas de ninguém. Meu 171 é de conversa e de
cérebro. Eu uso uma arma que é um telefone celular, um telefone público.
Minha arma é essa, o telefone", ressaltou.
Augusto da Silva foi encaminhado para a Cadeia Pública Desembargador
Raimundo Vidal Pessoal pelo crime de estelionato. "Agora nós vamos
concluir o inquérito e mandar para a justiça", disse o delegado.
Fonte: G1
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